Ela não reparou nele ao princípio. Estava a trabalhar como hospedeira de bordo. Quando ele embarcou, Carol e o rapaz criaram uma ligação especial. Ela não sabia o que era, mas sentiu que devia prestar atenção.
Quando o rapaz se dirigiu para o corredor, Carol olhou-o atentamente. Ele parecia jovem, provavelmente com doze anos ou mais, e parecia nervoso. Os seus olhos moviam-se pela cabina como se receasse que alguém o estivesse a observar. Ele não olhou para a mulher ao seu lado.
Não parava de mexer as mãos, ajustando a alça da mochila ou passando os dedos pelo cabelo. O casaco grande fazia-o sentir-se pequeno, e ele caminhava com um andar estranho e cauteloso.
O rapaz gritou. Cortou o ruído do motor e a conversa dos passageiros.
Encontraram o rapaz a debater-se com a mulher que o segurava. “Deixem-no ir!” Carol gritou, a sua voz alta e clara na cabine ocupada. A mulher olhou para Carol, surpreendida. “Ele só se assustou com o motor”, disse ela, parecendo defensiva e preocupada. Mas Carol sabia que não era bem assim. As palavras da mulher poderiam ter sido esclarecidas.
Ela virou-se e dirigiu-se rapidamente para a cozinha. Ele marcou o número de emergência do aeroporto com uma mão firme. Os seus pensamentos aceleraram enquanto contava a sua chegada iminente e a situação problemática. Carol disse à pessoa que estava ao telefone: “Tem de estar na porta de embarque quando aterrarmos. “Não vou deixar aquela mulher tirar o miúdo do avião.” A sua voz era firme e preocupada.
Quando o avião se aproximou do aeroporto, Carol percorreu rapidamente a cabina. “Prestem atenção e fiquem comigo”, ordenou aos colegas, verificando antes da aterragem. Eles acenaram com a cabeça, percebendo que estava a falar a sério.
Quando a porta do avião se abriu, entraram três agentes da polícia e o ambiente mudou.
Os agentes olharam para o rapaz e para o seu tutor sem dizer nada. A mulher ficou surpreendida quando eles pararam à sua frente. A sua presença faz com que o espaço pareça mais pequeno. “Desculpe, minha senhora”, diz um dos agentes. “Precisamos de falar consigo e com o rapaz.”
“Passa-se alguma coisa?” – Ela perguntou, parecendo insegura.
A mulher protestou com confusão e desafio. “Ele está comigo!” “Houve um engano!”
Insistiu, e as suas palavras ecoaram na cabina.
O oficial aceita os documentos com um aceno de cabeça. Olhou-os com atenção. Os outros passageiros aproximam-se, os seus sussurros misturam-se com os motores do avião.
“Estes gestos fazem parte da nossa terapia”, disse a mulher em voz baixa. Mantém a calma, apesar da gravidade da situação. O agente reparou em algo na identificação. Olhou para ela com mais atenção e os seus olhos arregalaram-se.
Olhou para a mulher e perguntou-lhe: “É a tia dele?” A mulher acenou com a cabeça. “Sim”, disse ela. “A mãe dele não pôde vir, por isso estou aqui com ele”. Isto tornou as coisas mais confusas e todos ficaram nervosos enquanto esperavam pelo que iria acontecer a seguir.
Os rostos dos polícias suavizaram-se quando compreenderam a situação. Carol ouviu a conversa e sentiu-se culpada. “Tirámos conclusões precipitadas”, disse ela ao seu colega, parecendo arrependida.
Quando a polícia saiu, Carol estava preocupada e determinada. Olhou para a mulher e para o rapaz, percebendo que aquela era a sua oportunidade de corrigir as coisas. Precisava de falar com eles antes de irem embora para corrigir o seu erro.
Carol dirigiu-se a eles lentamente. “Com licença.” A sua voz era suave mas firme. A mulher e o rapaz olharam para Carol. Respirando fundo, Carol continuou. “Peço desculpa.”
Carol deixou o avião com um novo sentido de propósito, levando consigo o que tinha aprendido. Quando saiu do avião, olhou para o futuro com determinação, pronta para enfrentar o seu trabalho com graça e integridade. Estava determinada a deixar que a memória desse dia servisse para a lembrar da importância da empatia e da vigilância no seu trabalho.